domingo, julho 24, 2005


Sabotagem Artistica por Hakim Bey

A Sabotagem Artistica esforça-se para ser perfeitamente exemplar mas ao mesmo tempo retém uma certa forma de opacidade - não propaganda, mas choque estético - absolutamente directa ainda que subtilmente direccionada - a acção como metáfora.

A Sabotagem Artística é o lado escuro do Terrorismo Poético - criação através da destruição - mas não pode servir nenhum Partido, nenhum nihilismo, nem mesmo à própria arte. Da mesma maneira que a exclusão da ilusão faz com que a percepção se acentue, a demolição da praga estética adocica o ar do mundo do discurso, do Outro. A Sabotagem Artística serve apenas à consciência, à atenção, ao despertar.

A Sabotagem Artística vai além da paranóia, além da desconstrução - a crítica definitiva - ataque físico sobre a arte ofensiva - jihad estético. A mais leve mancha de trivial egocentricidade ou mesmo de gosto pessoal arruina sua pureza e vicia sua força. A Sabotagem Artística não pode nunca buscar o poder - somente liberá-lo.

Trabalhos artísticos individuais (mesmo os piores) são, em sua maioria, irrelevantes - A Sabotagem Artística procura danificar instituições que usam a arte para diminuir a consciência e que lucram com illusões. Este ou aquele poeta ou pintor não pode ser condenado por falta de visão - mas as Idéias malignas podem ser atacadas através dos artefatos por elas geradas. A musica de supermercado é criada para hipnotizar e controlar - o seu mecanismo pode ser destruido.

Queimar livros em público - porque é que os betinhos e os funcionários do governo devem ter o monopólio dessa arma? Romances sobre crianças possuídas por demônios; a lista de bestsellers do New York Times; tratados feministas sobre pornografia; livros escolares (especialmente aqueles sobre Estudos Sociais, Moral e Cívica, Saúde); pilhas de New York Post, Village Voice e outros jornais de supermercado; compilações escolhidas de editores cristãos; alguns romances da colecçao "Harlequin" - uma atmosfera festiva, garrafas de vinho e charros passados de mão em mão numa bela tarde de outono.

Deitar dinheiro fora na Bolsa foi um acto interresante de Terrorismo Poético - mas destruir o dinheiro teria sido uma excelente Sabotagem Artística. Atacar transmissões de TV e transmitir durante alguns minutos Caos incendiário seria um feito de Terrorismo Poético - mas simplesmente fazer explodir a torre de transmissão seria uma Sabotagem Artística perfeitamente adequada. Se certas galerias e museus merecem o lancamento occasional de um tijolo nas suas janelas - não destruição, mas uma descarga de autosatisfação - então o que dizer dos Bancos? Galerias transformam a beleza em mercadoria, mas os bancos transmutam a Imaginação em fezes e dívidas. Não ganharia o mundo um grau de beleza com cada banco que pudesse ser estremecido... ou derrubado? Mas como? A Sabotagem Artística deve provavelmente manter-se longe da política (é tão chato) - mas não dos bancos.

Não façam greve - vandalizem. Não protestem - desfigurem. Quando te for imposto o Feio, concepções pobres e desperdícios estúpidos, contesta, lança o teu sapato nas obras, retalia. Esmaga os símbolos do Império em nome da nada além do desejo do coração pela virtude.

Imagem : "Shrodinger" por Mkonji
Le Comment du Pourquoi :

"Ah e tal mas que vem a ser esta merda!" é o que a maioria de vocés devem tar a pensar! Esta merda é uma vontade de exprimir o que nos passa pela cabeça, criticando as nossas proprias criticas, do mundo como de nos mesmos, não seguindo a via do terrorismo poetico, mas servindo se dele para chegar mais perto daquilo que queremos : Nada!
Sim! Nada mesmo! Porque é que temos de querer sempre algo para tudo? Nos não queremos nada e assim é mais facil transmitir algo, algo sem egocentrismo e algo belo! Porque o Belo està em tudo, é so querer olhar para o ver. E onde està o Belo, està a Liberdade...

PS: o que nos fazemos não tem o objectivo de entrar no actual padrão do Belo. Eu pelo menos não tenho vontade nem capacidade para isso.
Poetic Terrorism de Hakim Bey

Weird dancing in all-night computer-banking lobbies. Unauthorized pyrotechnic displays. Land-art, earth-works as bizarre alien artifacts strewn in State Parks. Burglarize houses but instead of stealing, leave Poetic-Terrorist objects. Kidnap someone & make them happy. Pick someone at random & convince them they're the heir to an enormous, useless & amazing fortune--say 5000 square miles of Antarctica, or an aging circus elephant, or an orphanage in Bombay, or a collection of alchemical mss. Later they will come to realize that for a few moments they believed in something extraordinary, & will perhaps be driven as a result to seek out some more intense mode of existence.

Bolt up brass commemorative plaques in places (public or private) where you have experienced a revelation or had a particularly fulfilling sexual experience, etc.
Go naked for a sign.

Organize a strike in your school or workplace on the grounds that it does not satisfy your need for indolence & spiritual beauty.

Grafitti-art loaned some grace to ugly subways & rigid public momuments--PT-art can also be created for public places: poems scrawled in courthouse lavatories, small fetishes abandoned in parks & restaurants, xerox-art under windshield-wipers of parked cars, Big Character Slogans pasted on playground walls, anonymous letters mailed to random or chosen recipients (mail fraud), pirate radio transmissions, wet cement...

The audience reaction or aesthetic-shock produced by PT ought to be at least as strong as the emotion of terror-- powerful disgust, sexual arousal, superstitious awe, sudden intuitive breakthrough, dada-esque angst--no matter whether the PT is aimed at one person or many, no matter whether it is "signed" or anonymous, if it does not change someone's life (aside from the artist) it fails.

PT is an act in a Theater of Cruelty which has no stage, no rows of seats, no tickets & no walls. In order to work at all, PT must categorically be divorced from all conventional structures for art consumption (galleries, publications, media). Even the guerilla Situationist tactics of street theater are perhaps too well known & expected now.
An exquisite seduction carried out not only in the cause of mutual satisfaction but also as a conscious act in a deliberately beautiful life--may be the ultimate PT. The PTerrorist behaves like a confidence-trickster whose aim is not money but Change.

Don't do PT for other artists, do it for people who will not realize (at least for a few moments) that what you have done is art. Avoid recognizable art-categories, avoid politics, don't stick around to argue, don't be sentimental; be ruthless, take risks, vandalize only what must be defaced, do something children will remember all their lives--but don't be spontaneous unless the PT Muse has possessed you.

Dress up. Leave a false name. Be legendary. The best PT is against the law, but don't get caught. Art as crime; crime as art.

Zones Autonomes Temporaires (En Français)
Hakim Bey and the Ontological Anarchy (In English)

PS: Este é o texto a partir do qual começamos este novo rumo. Este blog não tem como objectivo de transmitir a messagem de Hakim Bey, este blog é mais uma forma de a partir dele, construirmos outra coisa, uma coisa propria e nossa. O nosso Terrorismo Poetico! Sendo ele mau ou bom...